O Banco do Brasil e sua Participação na Escravidão e Tráfico de Pessoas Negras no Século 19
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil que tem como objetivo apurar as responsabilidades e a participação do Banco do Brasil na escravização e no tráfico de pessoas negras durante o período do século 19. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro (PRDC/RJ) deu início ao inquérito a partir de uma manifestação apresentada por um grupo de 15 professores de universidades brasileiras e estrangeiras que apontou a negação e o silêncio em relação à participação das instituições financeiras brasileiras na escravização de pessoas.
A Pesquisa que Revela a Participação do Banco do Brasil
A pesquisa realizada pelo grupo de historiadores evidencia uma relação de "mão-dupla" entre o Banco do Brasil e a economia escravista da época. Essa relação se manifestava no quadro de sócios e na diretoria do banco, que incluía indivíduos vinculados ao comércio clandestino de pessoas negras e à escravidão.
Os historiadores destacam que o banco se beneficiava de recursos provenientes da arrecadação de impostos sobre embarcações envolvidas no tráfico de pessoas escravizadas. Além disso, ressaltam que o capital utilizado para a formação do Banco do Brasil provinha de uma economia que tinha a escravidão e o comércio negreiro como pilares fundamentais.
Posição do Banco do Brasil
Em nota, o Banco do Brasil afirma buscar a promoção da igualdade racial e demonstra estar à disposição do MPF para prestar todos os esclarecimentos necessários. Confira abaixo a nota emitida pelo banco na íntegra:
"O Banco do Brasil busca promover a igualdade racial em todas as suas ações e políticas internas, procurando valorizar a diversidade e o respeito às diferenças. A instituição está à disposição do Ministério Público Federal e, caso seja necessário, irá prestar todas as informações requeridas a respeito do tema em questão."
Investigação em Andamento
Por meio do despacho assinado pelos procuradores Jaime Mitropoulos, Julio José Araujo Junior e Aline Caixeta, o MPF deu um prazo de 20 dias para que o Banco do Brasil apresente suas considerações sobre a pesquisa, informe sua posição em relação à sua participação no tráfico de pessoas negras escravizadas, preste informações sobre sua relação com traficantes de pessoas e sobre financiamentos relacionados com a escravidão, além de fornecer detalhes sobre as medidas de reparação adotadas pela instituição em relação a esse período histórico.
A Importância do Inquérito
A abertura desse inquérito civil pelo MPF é um importante passo para trazer à tona a participação das instituições financeiras brasileiras na escravidão e no tráfico de pessoas negras. É fundamental que sejam investigados os atores envolvidos nesse período histórico e que se busque a reparação para as vítimas da escravidão.
Conclusão
O inquérito instaurado pelo Ministério Público Federal para apurar a participação do Banco do Brasil na escravização e tráfico de pessoas negras no século 19 traz à luz um capítulo importante da história do Brasil. A investigação permitirá uma análise aprofundada das responsabilidades e contribuirá para a reparação histórica das vítimas desse período sombrio.
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